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Fetiche?

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Beda
Jancis RobinsonTalvez alguns de vocês tenham lido em que eu andei obtendo dicas sobre os meus textos de uma jornalista. A mais aguda delas me deixou curioso: “tome cuidado com algumas afirmações. Numa das notas você defende as garrafas pesadas que (…) só servem para aumentar o frete pago pela bebida”.
Acompanhada da observação vinha uma indicação de um artigo da jornalista inglesa Jancis Robinson sobre o peso das garrafas (“É Hora de Repensar as Garrafas”, Prazeres da Mesa nº38, Julho de 2006).
Após assistir a uma (absolutamente deliciosa) palestra dirigida por ninguém menos que a própria Robinson sobre as perspectivas de mudanças no cenário mundial enológico, decidi não deixar passar a oportunidade e recolocar-me sobre as garrafas.
Durante a palestra, a jornalista mencionou algumas das mudanças mais enfáticas – positivas e negativas – decorrentes dos profundos câmbios climáticos que estão se verificando nos últimos anos. Um de seus exemplos foi, justamente, a tão debatida emissão excessiva de gás carbônico, conseqüência de inúmeros processos do dia-a-dia “civilizado”, que contribui para o aquecimento global.
No artigo, como na palestra, Robinson ressaltou o exemplo de um produtor australiano que faz questão de importar uma dessas pesadas garrafas da Europa, mandá-la para a Austrália e então devolvê-la, cheia, para a Europa, embutindo no custo do vinho os dois caros fretes das garrafas mais bojudas.

Quando falei sobre os , observei que as garrafas mais grossas e pesadas podem ser úteis para a proteção dos vinhos mais caros, vinhos exclusivos e que têm de fato uma imensa carga fetichista atrelada ao seu valor de fato. Jancis Robinson defende ardorosamente que o apreço do mercado pela estética das garrafas mais pesadas é burro e egoísta e que é possível encontrar vinhos de todas as faixas de preço, mesmo as relativamente baixas, em pesadas e inúteis garrafas.

Assim como a rolha, que é um produto caro e que oferece um certo risco para a qualidade do vinho, entendo que garrafas “de luxo” poderiam se tornar, em algum tempo, exatamente isto: puro luxo. Mais recentemente, Robinson embarcou em uma verdadeira cruzada contra o que ela chama de bodybuilder bottles, algo como “garrafas marombeiras”, que ela já vem condenando desde muito. Em seu , ela criou uma campanha para que os assinantes divulguem quais são os produtores que seguem utilizando garrafas extra-pesadas, em busca de pressioná-los a mudar de atitude, clamando para que o público faça saber aos produtores que não se interessa por garrafas grandes, pesadas e reluzentes.

Continua…

Leia mais sobre o assunto:

Jancis Robinson

“, de 31 de agosto de 2002.

“, de 9 de outubro de 2006. – Observem o comentário do produtor de Brunello Candace Mate, no pé da página.

“, de 15 de feveireiro de 2008 (infelizmente, esse é só para assinantes).

Decanter Magazine

“, de 22 de fevereiro de 2008.

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