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Vinhos com vinhos – jogos e garrafas

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Beda

A onda do momento no grupo de colecionadores de jogos do qual eu faço parte (hmm, tá, tem gente lá que joga, mas o grupo é de colecionadores) é fazer piada com Vinhos. Nada contra a minha pessoa ou a bebida – apesar de que no grupo há um mágico que é apresentando como mágico, um jornalista apresentado como blogueiro e normalmente me apresentam como bêbado, o que muito raramente é verdade.

Mais que motivo, o mote das piadas é o recém-lançado e muito comentado (no gueto dos jogos de tabuleiro de verdade) “Vinhos”, jogo do português Vital Lacerda. Não que o pessoal ache o jogo ruim, pelo contrário. Vinhos é um “gamer’s game“, categoria de jogos elaborados, que requerem empenho, tempo e experiência para que os jogadores possam refinar suas estratégias e entender bem suas possibilidades. 

As piadas, muito cretinas, são da ordem do “traz as taças que eu já tenho Vinhos”, mas o pessoal anda bem animado e tem gente que jogou 6 vezes só na primeira semana (é, você mesmo, seu blogueiro safado): considerando que cada partida leva em média duas horas, tá sobrando tempo nos bolsos alheios…

Extremamente elaborado (e razoavelmente “poluído” como vocês podem ver pela foto abaixo), Vinhos é a versão final de um jogo que eu vinha esperando há tempos e que consegue ambientar muito bem num tabuleiro a cadeia de produção enológica, desde o cultivo até a venda e a exibição em feiras ao público e especialistas, com foco no aspecto comercial.

Vinhos, sem vinhos. © P. Low

Basicamente, os jogadores começam o jogo decidindo em qual/quais regiões irão começar a produzir (entre Dão, Douro, Minho, Trás-os-Montes, Lisboa, Algarve, Alentejo e Setúbal) e daí como vão amadurecer e vender os vinhos que produzirem. Cada região oferece um benefício diferente ao jogador, que irá facilitar algo durante o jogo, desde o amadurecimento (com as adegas “gratuitas” do Dão), passando pela valorização (através de fortificação, no Douro) ou mesmo simplesmente no custo mais baixo, como no Minho.

É necessário produzir boa quantidade de vinhos e equilibrá-la com a qualidade para ser capaz de vendê-los no mercado local (há uma suspeitíssima “Casa de Fados”, além de um Hotel e uma Enoteca), exportá-los e enviá-los à feira de vinhos, que acontece três vezes ao longo do jogo. Não sei se foi com um toque de sarcasmo que Lacerda incluiu também a possibilidade de utilizar “consultores” para obter ações extra ao longo do jogo, bastando para isto que você envie para eles em seu primeiro “contato” o vinho que eles gostam e, em seguida, qualquer zurrapa que estiver sobrando em estoque.

"Casa de fados". Sei não, hein. © Vital Lacerda

O jogo é muito estratégico, pois se desenvolve em apenas 6 rodadas e há poucas ações possíveis a cada rodada. É necessário calcular com cuidado suas opções, mas o planejamento tem de ser atualizado constantemente pois a interação entre os jogadores é intensa: ninguém joga sozinho. O ritmo é acelerado (e acelerando, já que o espaço fica cada vez mais apertado e o intervalo entre as feiras diminui rapidamente), mas o nível de complexidade e a quantidade de detalhes pode fazer com que a primeira partida de qualquer um seja particularmente confusa.

Infelizmente, Vinhos só está disponível para venda em lojas do exterior (lista completíssima de lojas online aqui): o mercado brasileiro para jogos de tabuleiro sofre de uma carência de interesse por qualquer coisa que acompanhe manual de instruções ou não venha com três dados amarelos e três vermelhos. Qualquer um com ganas de testar, está convidado!

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