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Dois, ou dez anos depois

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Beda
Ó pra vocês, ó.

É um pouco triste notar que já se vão praticamente dois anos desde a última rabiscagem neste bloqueto digital que completou em janeiro DEZ anos. É um bocado de tempo no mundo virtual e, mesmo se agora faz um tempinho que não tem movimento por aqui (às vezes, a vida atropela a gente, ou a gente atropela a vida, sei lá), deu pra testemunhar e participar de muita mudança: da pré-história inocente dos blogs que analisavam cada Gato Negro destapado até a boçalidade dos Vivinos da vida,  passando pelo boom do mercado do vinho que trouxe um pouco de tudo ao país até a invasão do Brasil por garrafas indistintas, que male male têm a entregar o preço que o consumidor quer/pode pagar.

Aconteceu tanta coisa, mas TANTA coisa nesses últimos dois/dez anos, que não sei se foi demais pra processar, ou pior, contar, por escrito, mas fui parando e parando e parando de escrever. Quiçá um crescente desencanto com a internet e as redes sociais seja a base do problema. Certamente uma ou outra situação desgastante na vida profissional e pessoal tenham agravado tudo. Pessimismo? Talvez.

O que importa é que as coisas seguem caminhando e o mercado de vinhos – tema chave desses rabiscos – para o bem ou para o mal não é mais o mesmo de dias, meses ou anos passados. E aí, quando me perguntam como vão as coisas, minha maior dúvida não é sobre o que dizer e sim sobre como dizer toma um certo peso, há uma responsabilidade a assumir em relação a como as pessoas vão olhar, pensar e interagir com a nossa pracinha. Não vale mentir, então como faz pra falar sobre o que tá acontecendo?

Vale dizer que o interesse do público aumentou e que o futuro é interessante? Claro. Mas o certo é que o que todo mundo que quer comprar hoje no Brasil quer exatamente o que quase ninguém gosta de vender – ou seja, um nível de preço que não permite trabalho de qualidade nem ganhos sustentáveis e que no caso do vinho não carrega nada mais do que o líquido dentro da garrafa (e há quem se pergunte como é que carrega o líquido ou mesmo paga a garrafa…). Culpa da Dilma Faz parte do processo, penso eu, com ainda um restinho de esperança de que o desenrolar disso vá ser positivo e a certeza de que será, determinantemente, diferente.

Já há algum tempo decidi que o que eu preciso mesmo considerar é o quão rápido as coisas mudam em Terra brasilis. “Swift changes”, é a frase da vez – num dia temos presidenta, noutro presidente; numa sexta temos muitos impostos, numa segunda novos impostos; “este ano estamos planejando trazer coisas originais”, no mês seguinte “precisamos replanejar os embarques”. E haja saco pra fazer entender – ou haja saco pra entender – nossos passeios e reviravoltas.

Mas bem – nada de reclamar de barriga cheia: se demos um passo pra frente e dois pra trás, a verdade é que me parece que cada passo pra frente é pra um caminho melhor, mais seguro e mais estável do que os anteriores. Se passamos uns apertos e a coisa parece feia, penso que não se compare nem de longe com o feio que já foi no passado. Se a instabilidade depois de mais de década de avanço assusta, pouco tem a ver com as décadas seguidas de sacudidas constantes e pesadas que vivemos antes. Que rumo tomar? Pra frente. E de preferência, com uma taça de vinho na mão, que deixa as coisas mais leves, mais felizes e mais interessantes.

Falei, falei e não falei nada? Passos pra trás aqui também. Vamos ver os próximos pra frente.

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